quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aviso circular de Mr. Hermann para a convocação dos tribunais na Junta dos Três Estados (25 de Maio de 1808)



Em consequência das ordens do Ilustríssimo e Excelentíssimo senhor General em Chefe do Exército de Portugal, participo a tal tribunal que, no dia 30 do corrente, pelo meio-dia, será admitido sem precedência na Junta dos Três Estados, para assinar os votos dirigidos a Sua Majestade Imperial e Real. O que Vossa Senhoria fará presente no sobredito Tribunal, para que os ministros dele possam ter a satisfação de concorrer no dito dia e hora para este fim.
Deus guarde a Vossa Senhoria,
Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, em 25 de Maio de 1808.

Francisco António Herman [sic]




Relatório de Lagarde sobre as novidades do Algarve e do sudoeste de Espanha (25 de Maio de 1808)




Relatório n.º 8

Lisboa, 25 de Maio de 1808


Algarves


O Corregedor mor dos Algarves [Mr. Goguet] anunciou-me, a 19 deste mês, que o bispo da província [D. Francisco Gomes de Avelar] prestou-se com muita gentileza a mandar ler a mensagem da deputação portuguesa no sermão de todas as grandes missas da sua diocese, acrescentando algumas observações no mesmo sentido, com reflexões contra a deserção. Ele descreve-me este bispo como um homem de espírito, merecedor de confiança, que desfruta da estima geral e que muito tem contribuído, desde a nossa entrada, para a tranquilidade pública. A mensagem da deputação portuguesa produziu o melhor efeito; e tudo está calmo nos Algarves.
O Governador de Gibraltar ofereceu doze mil homens ao General espanhol que comanda em San Roque; o Almirante inglês [Sir Purvis] que bloqueia Cádis, por outro lado, enviou parlamentários para propor auxílios. Mas o resultado do dia 2 de Maio em Madrid desconcertou essas maquinações.
O restabelecimento de Carlos IV, ainda que não tenha o consentimento popular no sul de Espanha, acalmou os ânimos daqueles que esperavam um centro de resistência.
O povo espanhol ainda continua irritado contra os franceses. Porém, as Autoridades retomam os melhores procedimentos, e puseram em liberdade aqueles que tinham prendido na primeira efervescência: o Governador de Ayamonte está no número daqueles que regressaram pelo seu passo.
Ao longo dessa costa, até Vila Real [de Santo António], fala-se numa espécie de tarifa que aí será estabelecida para passar livremente a Gibraltar, onde está a esquadra inimiga. O Corregedor mor, de acordo com as instruções que lhe dei sobre este assunto, verifica que fundamento poderão ter esses rumores.
O Conselheiro do Governo, Intendente-Geral da Polícia do Reino,

P. Lagarde


[Fonte: António Ferrão, A 1ª invasão francesa : a invasão de Junot vista através dos documentos da Intendência Geral da Polícia, 1807-1808: estudo politico e social, Coimbra: imprensa da Universidade, 1923, pp. 359-360; Alberto Iria, A Invasão de Junot no Algarve (Subsídios para a História da Guerra Peninsular), Lisboa, Tip. Inácio Pereira Rosa, 1941, pp. 372-373 (doc. 52). Tradução nossa do texto original em francês].